Avaliação da armadilha mosquitérica e nível de instrução da população de dois bairros de Campo Mourão a respeito do Aedes aegypti.
Edmar Santos – Unespar/Campus de Campo Mourão - edmarsantos03@gmail.com
Gilberto da Silva Leverentz –Unespar/Campus de Campo
Mourão – gilba_@hotmail.com
Marina Hneda – Unespar/Campus de Campo Mourão – marihneda@gmail.com
Naiane Rosa – Unespar/Campus de Campo Mourão –
nany.rcd@gmail.com
Introdução
O
presente estudo foi desenvolvido na cidade de Campo Mourão - PR, devido aos
constantes surtos de dengue registrado ao longo dos anos. Skuse (1894) destaca
que A. aegypti e Aedes (Stegomyia) albopictus, da família Culicidae são vetores do
arbovírus da dengue e da febre amarela urbana, um dos
principais problemas de saúde pública no mundo. Câmara et al. (2007), aponta que a
progressão da dengue e a dispersão do seu vetor dependem das condições
ecológicas e socioambientais para se desenvolver. No Brasil o A. aegypti é o único com importância
epidemiológica e a cada ano enfrenta-se surtos de epidemia da doença. Programas
federais, estaduais e municipais foram criados com o intuito de fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica de
prevenção, conscientização e combate ao vetor da doença, com destaque para o Programa
Nacional de Controle da Dengue (PNCD) instituído em 24 de julho de 2002.
Na
cidade de Campo Mourão, embora tenha-se o combate contra a dengue e seu vetor
(fumacê, tratamento químico e vigilância sanitária), a infestação predial chega
a 6,7%, taxa considera muito alta pelo Ministério da Saúde.
Nesse
sentido, o presente estudo teve por objetivo avaliar a eficácia da armadilha
denominada “mosquitérica” no controle do A.
aegypti. Escolhendo-se para este fim os dois bairros que segundo a
Secretaria de Saúde do Município (dados 2015) seriam os mais infestados. Concomitantemente à instalação das armadilhas
aplicou-se um questionário para avaliar o grau de conhecimento da população
sobre o problema.
Materiais
e métodos
Delimitou-se como área de
estudo os bairros Santa Cruz e Moradias Avelino Piacentini (Figura 1), locais
com índices mais elevados de infestação. As armadilhas foram produzidas usando-se: a) garrafas pet; b) lixas para
madeira n°.220; c) fita
isolante e d) tesoura. As garrafas foram dobradas e cortadas, assim a
parte de cima, ficando em forma de funil foi encaixado na parte de baixo da
garrafa (Figura 1). Após isso, a parte do funil foi lixada até que ficasse uma
superfície áspera para melhor aderência dos ovos, na sequência retirou-se a tampa
da garrafa, o seu lacre serviu para que o micro tule fosse preso a essa
superfície, formando uma barreira. Após isso, a parte do funil foi lixada até
que ficasse uma superfície áspera para melhor aderência dos ovos, na sequência
retirou-se a tampa da garrafa, o seu lacre serviu para que o micro tule fosse
preso a essa superfície, formando uma barreira (Figura 1). Com o intuito de testar variáveis que possam
maximizar os resultados 50% das armadilhas foram pintadas de preto. Para a
atração do mosquito, colocou-se grãos de arroz e água na armadilha. As
armadilhas foram instaladas nas residências por meio de sorteio de cumbuca e
mediante autorização dos proprietários. Foram instaladas 8 armadilhas em cada
bairro, fazendo manutenção como troca da água a cada dois dias, e as mesmas
foram retiradas após duas semanas, repetindo-se o processo por três vezes, nos
meses de abril, outubro e novembro deste ano. Na recuperação das armadilhas, as
mesmas eram lacradas com fita isolante, para se evitar que algum mosquito capturado
escapasse. Aplicou-se 30 questionários junto à população nos bairros, abordando
quais eram as características do mosquito, suas fases, hábitos, fatores de
disseminação, descrição do mosquito e ainda com que regularidade realizavam a
limpeza e vistoria de seu quintal.
Figura 1 –
Mosquitérica desenvolvida e difundida pelo professor Maulori Cabral, do Departamento de Virologia
do IMPPG-UFRJ - Disponível em:
http://www.noticiaki.com/armadilha-para-mosquito-da-dengue.html
Resultados/Discussão
Em
25% das armadilhas (Bairro Santa Cruz) pintadas de preto foram encontrados ovos
de A. aegypti e nenhum indício de
ovos ou larvas nas armadilhas brancas. Tal
situação evidencia a preferência dos mosquitos por locais mais escuros. No bairro Moradias Avelino Piacentini
não se encontrou ovos ou indícios do mosquito em nenhuma das armadilhas. Embora
os testes sejam ainda preliminares, os primeiros dados verificados evidenciam a
baixa eficácia das armadilhas em relação à captura do mosquito.
Quanto
aos questionários aplicados, 70% da população não tem conhecimento em relação a
todas as questões abordadas sobre os fatores de disseminação, bem como do
ambiente e dos hábitos preferidos pelo mosquito. Mostrando a necessidade de
continuação das campanhas informativas e métodos pelo poder público em para
controlar a propagação do vetor.
Conclusão
As
armadilhas instaladas não tiveram a eficiência na captura dos mosquitos,
ressalta-se entretanto que os testes são preliminares, sendo prematuro o
desaconselhamento do seu uso no controle do mosquito.
Embora seja notória as campanhas sobre a
conscientização sobre o perigo da dengue e sobre a necessidade de controle do A. aegypti fato facilmente observado em
várias tipos de mídia, verificou-se que o nível de conhecimento sobre o assunto
nos bairros estudados é muito baixo, tal situação sugere que formas mais
didáticas e diferenciadas devem ser usadas considerando-se e
individualizando-se cada área estudada.
Referências
Bibliográficas
CÂMARA, et al..
Estudo retrospectivo (histórico) da dengue no Brasil: características regionais
e dinâmicas. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, v.40, n.2 Uberaba mar./abr. 2007.
Disponível em: < http:
//www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-
86822007000200009&lng=pt&nrm=isso>
Acesso em: 27 Abr. 2015.
PEDROSA, M. C. Aspectos ecológicos da ocorrência de Aedes
(Stegomyia) aegypti (Linnaeus,1762) e Aedes (Stegomyia) albopictus (Skuse,
1984) (DIPTERA:CULICIDAE) em áreas verdes urbanas e residenciais. 84 f.
Mestrado em Ecologia de Biomas Tropicais. Departamento biodiversidade, evolução
e meio ambiente – DEBio, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas
Gerais, 2013. Disponível em: http://200.131.208.43/handle/123456789/3322.
Acesso: 30 Abr. 2015.
Secretaria
de
Estado da Saúde do Paraná. Situação da dengue no Paraná
2014/ 2015. Disponível em: < www.saude.pr.gov.br>. Acesso: 27 Abr. 2015.